terça-feira, março 20, 2007

cassavetes


mula cinemática que sou, nunca havia assistido a um filme de cassavetes... não seria para tanto me auto-depreciar de tal forma por não ter visto qualquer coisa que seja, mas me empolguei tanto com o que vi que a auto-depreciação fica retroativa ao tempo perdido! ao menos creio ter me desvirginado de forma decente: fui assisti-lo em película, ontem, no cinesesc da augusta. amei total. bastaria o tema do filme para me deixar já com vontade de gostar dele: o velho desgaste de um casal adulto que acaba por tentar encontrar alguma renovação individual indo para a cama com outros. e isso ainda no período embrionário da revolução sexual, meados dos anos 60. mas o que chama a minha atenção no filme é a maneira como essa história é contada e como os personagens parecem vivinhos da silva, talvez mais vivos do que as pessoas que estavam na sala do cinema comigo. cassavetes parece que está ali filmando a alma daqueles personagens, nos mostrando as sensações deles intercalando closes constantes e uma camera que parece estar seguindo os movimentos dos personagens de maneira espontânea - embora eu não entenda lhufas de técnica cinematográfica, parece que não existe muita marcação de cena, com os atores se movendo de uma maneira livre pelos planos, passando em frente à câmera, se sentando, se levantando... com esses recursos você pode quase que adivinhar o que estão sentindo aquelas pessoas. e o sentimento que fica é de o quão confuso e perdido está todo aquele povo. eles estão insatisfeitos com seus casamentos, mas não sabem bem o que estão querendo para melhorar - é tudo meio duvidoso dentro da cabeça deles. suas ações são movidas por um discurso racional pobre, e eles falam como parecem falar as pessoas de carne e osso: coisas meio sem nexo, clichês idealistas e superficiais. seus rostos e seus trejeitos, lindamente perseguidos pela camera do diretor, denunciam a falta de consciência sobre os problemas que enfrentam e, em meio a esse mar revolto de idéias pouco sólidas, insatisfações sentimentais mal explicadas e um clima meio etílico e boêmio próprio da época, nada pode acabar muito certo no final. engraçado é pegar essa história filmada há 40 anos e perceber que o retrato das questões sexuais de então não parece ter mudado muito para o que vemos hoje. filmão. até quarta tenho a oportunidade de ver o primeiro filme de cassavetes, sombras, que também está sendo exibido no cinesesc. depois conto.

ah, comentário que não podia deixar de existir. o que é gena rowlands aí neste filme? ó ela aí neste poster. uh lá lá, hein?

e josh, posta alguma coisa aí sobre maria antonieta, vá! se não eu não vou parar de ficar falando no seu ouvido que eu gostei do filme. é massa. gostei mesmo.

1 Comments:

At 10:06 AM, Blogger Josh said...

o cara entrou num posting frenzy huahauhauahuahauhauha

 

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